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23.8.10

Hidrografia - Mar Mediterrâneo

Mar, na Bíblia, é a imensidão de água, a reunião de todas as águas, e "grande abismo". O Sl. 107 é um hino ao Senhor Deus que criou o mar. O Sl. 24.2 declara que Deus é o dono dos mares. E Jó 38.8-11 mostra que Deus é o Senhor dos mares.

O vocábulo Mediterrâneo não aparece na Bíblia nem uma só vez. Para os gregos era "o grande mar" e para os romanos o "internum mare".

A Bíblia o chama: 1) "Mar Grande" (Js. 1.4); 2) "Mar Ocidental" (Dt. 11.24); 3) "Mar dos Filisteus" (Êx. 23.31); 4) "Mar de Jafa" (Ed. 3.7). O termo mais empregado na Bíblia para designar o Mediterrâneo é o Mar.

O Mediterrâneo banha a Europa Meridional, a Ásia Ocidental e a África Setentrional. É o maior dos mares internos, com uma extensão de 4.500 km e uma superfície de 3 milhões de km2. Rios famosos de três continentes despejam nele suas águas abundantes. As mais remotas civilizações do Oriente Médio e Europa conheceram o Mediterrâneo, entre elas, os fenícios, os micenos, gregos e romanos, turcos, franceses e italianos. Ainda hoje as rotas do Mediterrâneo dão em portos famosos como Barcelona, Marselha, Gênova, Nápoles, Trieste, Salônica, Esmirna, Beirute, Porto Saide, Alexandria, Constantinopla, Jafa, Haifa e uma infinidade de outras cidades.

O fato de o Israel do passado não dedicar-se à navegação, ainda que Salomão o tentasse (I Rs. 9.26) e também Josafá (II Cr. 20.36), mas por Eziom-Geber, no Golfo de Áqaba, prende-se ao fato do Mediterrâneo ter pouquíssima profundidade em suas costas. Ninguém podia se aproximar de Israel por mar. Herodes, o Grande construiu Cesareia e preparou o porto. Com poucos anos, porém, não permitia aproximação de navios. O embarque e desembarque tinham que ser feitos por botes pequenos. Alexandre e Pompeu, a Primeira Cruzada e o próprio Napoleão, para invadir Palestina, o fizeram por terra, através do Egito. Isto permitia a Israel um isolamento que garantia uma proteção. Convergiam suas atividades na agricultura, ramo em que se tornaram famosos (I Rs. 5.11 e At. 12.20).

Hirão, rei dos fenícios, enviou em jangadas pelo Mediterrâneo, até Jope madeira para Salomão construir o templo em Jerusalém (I Rs. 5.8-10). Jonas desceu até Jope, e tomou navio para Tarsis (Jn. 1.3). Elias, do cume do Carmelo, mandou seu moço que vigiasse o aparecimento da nuvem no Mediterrâneo que traria chuvas para as ressequidas terras de Israel ao tempo de Acabe (I Rs. 18.41-46). Pedro estava em Jope, na casa de Simão curtidor, que era contígua ao mar e foi avistar-se com Cornélio em Cesareia (At 10.1-8). Paulo e Barnabé tomaram navio no porto de Selêucia e navegaram muito tempo pelo Mediterrâneo (At. 13.4-6). E não poucas vezes, o grande apóstolo singrou as águas do Mediterrâneo, demandando terras, para anunciar a graça de Deus em Jesus Cristo. Uma, entretanto, se tornou famosa: foi a sua viagem a Roma como prisioneiro de César (At. 27). Tito levou para Roma milhares de cativos judeus que foram usados na construção do Coliseu. E através dos séculos, as águas do Mediterrâneo foram palco de sangrentas batalhas, de riquíssimo comércio, de viagem de famosos homens das nações. O próprio Marco Polo, bem como Cristovão Colombo lutaram com essas águas revoltas e bravias, que guardam no seu seio mistérios que só a eternidade pode revelar.


Próximo post de "Hidrografia": Rio Jordão

Lugares - Mesopotâmia (Parte II)

Limites da Bíblia:

A Bíblia em Gênesis 2 não chama a região que estamos aqui considerando, de Mesopotâmia, mas "Jardim do Éden", e assim o descreve dos versos 7 a 14.

A Bíblia descreve o Jardim do Éden como uma unidade territorial. O rio que limitava o Jardim nos quatro lados, era um (Gn. 2.10), que se dividia em quatro braços. Através dos séculos e ainda hoje, houve uma tendência de situar os quatro braços do rio do Éden, mais ou menos assim: Tigre e Eufrates, onde hoje se encontram; o Pisom seria o Indo, e o Giom, o Nilo. Isso, além de ser uma aberração geográfica, não resiste à prova dos fatos. Estudemos cada um desses rios:

Pisom:

A Versão dos LXX registra Phison. Um dos quatro braços do rio que saía do Paraíso (Gn. 2.11). Flávio Josefo o identifica com o rio Indo. Modernamente atribui-se o rio Fasis, hoje conhecido como Rioni, que nasce nos montes Ararate e desemboca no Mar Negro. Neste caso, a "terra de Havilá" seria a Cólquida de nossos dias situada nas proximidades do Mar Negro. O Indo seria impossível, pois está a centenas de quilômetros do famoso vale da Mesopotâmia. Havilá, hoje Cólquida (na Geórgia), era riquíssima em metais preciosos.

Giom:

No hebraico, lê-se Ghw, que significa "brotar" ou "fazer erupção"; no grego é Geôm. É o segundo braço do rio que saía do Éden. Gn. 2.13 diz que "o Giom circunda a terra de Cuxe". A "Setenta", bem como Flávio Josefo, o identificam com o el-Sihor de Jr. 2.18, que não é outro senão o Nilo. O apócrifo Eclesiástico apoia também esta versão.

Mas o Nilo está demasiadamente longe do vale da Mesopotâmia. O "X" do problema, com respeito à localização do Giom, é a afirmação bíblica: "rodeia a terra de Cuxe". O Rev. Álvaro Reis diz que foi descoberta uma cerâmica escrita em cuneiforme onde aparece uma "terra de Cuxe" na Capadócia, portanto, na Ásia Menor e não na África. Álvaro Reis lembra ainda a duplicidade de alguns nomes que aparecem ao longo da história E passa a citar os Musri do "Obelisco Preto", uma tribo localizada ao Norte da Assíria, e os Musri do Egito; Makã e Meluka na Babilônia e distritos com o mesmo nome no Egito; temos "Cuxe" na África e na Ásia. La Enciclopédia de la Bíblia diz: "A terra de Cuxe, aceita como idêntica ao assírio Kassu e designa aos Cassitas, habitantes da região setentrional da Arábia. E o "Giom" de Gn. 2.13 não é outro senão o Geyhum el-Râs que desemboca no Mar Cáspio. Outro nome é o do rio Uku, o moderno Erka, que atravessa a terra dos casitas". "Contudo, é mais provável que Cuxe, nesse caso, se refira à área leste da Mesopotâmia, de onde os casitas desceram posteriormente. Nesse caso, referia-se a algum rio que desce das montanhas orientais, talvez o Diala ou Querque que a Bíblia chama de Giom".

É fato que o dilúvio veio e alterou profundamente os acidentes geográficos; mas não é menos verdade que não modificou a posição do Tigre e Eufrates. Entendemos, assim, que não deve ter alterado grandemente a dos rios Pisom e Giom.

Para o Pisom a Bíblia diz "rodeia" a terra de Havilá, e para o Giom "circunda" a terra de Cuxe. Para "rodear" e "circundar" exige um decurso maior, sinuoso, abrindo-se para uma área imensa. A respeito do Tigre, a Bíblia diz apenas "corre" e para o Eufrates, nenhum verbo.

Próximo post de "Lugares": Mesopotâmia (Parte III)

Série Costumes Bíblicos - A Porta

As portas de entrada das casas, naquela época, eram diferentes variando muito de uma casa para outra, assim como acontece hoje. Em sua maior parte, as portas eram pequenas e estreitas. Em vez de dobradiças, elas eram presas a um encaixe de pedra, onde giravam com facilidade. É possível que na zona rural as portas fossem deixadas constantemente abertas. O homem da cidade, porém, já era um pouco mais cauteloso. Para os hebreus, a porta tinha uma importância espiritual muito grande. A soleira era de pedra, e considerada sagrada. Durante a Páscoa, passava-se sangue nela, para relembrar a ocasião em que tinham sido milagrosamente libertos do cativeiro no Egito, em decorrência das dez pragas. Afixado na ombreira das portas havia o mezuzá, que consistia de um tubo de metal ou de uma caixinha de madeira, dentro do qual era guardado um pergaminho contendo o texto de Deuteronômio 6.4-9, o Shema, ou credo: "Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás, pois, o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de toda a tua força. Estas palavras que hoje te ordeno, estarão no teu coração; tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te e ao levantar-te. Também as atarás como sinal na tua mão e te serão por frontal entre os teus olhos. E as escreverás nos umbrais de tua casa, e nas tuas portas." Hoje em dia ainda há escribas que fazem esses pergaminhos seguindo instruções especiais para isso. O pergaminho era enrolado de forma a que, colocado no estojo, o termo hebraico que significa "Todo-Poderoso" ficasse à vista, através de um orifício que havia na caixa.

Muitas vezes, quando um israelita saía ou entrava em casa, beijava os próprios dedos, e em seguida tocava a mezuzá. Esse cartucho na porta tinha vários propósitos: era um testemunho de fé para os vizinhos, um sinal de que o morador cria na proteção de Deus, e um lembrete da história do povo de Israel.

Geralmente eles não trancavam as portas, mas poderiam fazê-lo, se assim o desejassem, e para isso utilizavam imensas chaves de madeira. E embora as chaves fossem bem grandes, alguns costumavam carregá-las penduradas no pescoço. Outra forma de trancar a porta era passar uma barra de madeira por dentro.

No próximo post de "Costumes Bíblicos": O assoalho